quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Fragmentos 1

"Quem nunca saiu com a primeira pedra, que atire para este lado a mulher errada... sem problemas, sem solidão et vice versa..."
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A desfalecer de cansaço, meu amor, estou com a primeira de todas as insónias que se hão-de seguir. O livro por ler, o livro por escrever. Uma boa noite para ti também, baby please!... Dói-me o fígado ou o infiel pâncreas, sei lá, invento pretextos para esta solidão tão pouco desejada quanto certa. Escrevo-te.
Todos os dias, cada fôlego, cada passo, cada palavra. Estou a ver-te e parece que estás aqui depois de um cigarro lá fora, dizes tu, tens de dormir. Na cama esperam-te os meus abraços que não conseguirei dar-te esta noite, todas as noites que não estivermos juntos. Estarei a ver-te em cada página de Infanta, em cada despedida de Mayla. O father MacEllis não deverá importar-se muito, conhece o olhar saturnino de Kurt Lukas como aos Evangelhos e sabe bem andar à chuva de motocicleta entre os bananais. Não espera desenlaces, se pudesse provocava-os. Match point, para o father X., não me recordo do nome. O irmão que joga ténis psicológico com adversários de circunstância, Roland Garros, como quem distraidamente jogasse xadrez, sentado na sua cadeira de rodas depois da sesta.
Dói-me a alma, meu amor. Não sei mais o que escrever-te e ainda só escrevi tão pouco que até me envergonho de dizer isto. Parece que a suposta maldita insónia é vencida pelo cansaço. Apetece-me dormir, adormecer dias a fio ou, pelo menos, ficar pela cama a olhar para o tecto como se fosse o teu rosto e eu o beijasse. Assim, sinto-me menos só. É quase como falar contigo, sussurrar-te Amo-te, antes de te falar da TAC que hei-de fazer daqui a um mês.
Amo-te
Até já,
A.
*

Mantras... O Nome.

Ao chegar a casa é a tua falta, meu amor, que se impõe e não o livro, não mais uma promessa de escrever, os exercícios de estilo a alinhar. Começo a sentir os efeitos do fumo, o ar rarefeito de Lisboa. Apetece-me tanto escrever como atirar-me da Ponte 25 de Abril. Fazer-me entender por ainda mais estúpido e boçal do que aquilo que sou na realidade. Releio-me:
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